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Capítulo 2 - Amigo. Digo... Melhor amigo
Achei que nunca mais iria conseguir andar
depois daquela noite. Amanheceu, devia ser umas dez da manhã, sei lá, não quis
olhar o relógio. Só sei que acordei com a campainha tocando e o Teito indo
abrir a porta. Ouvi vozes que pareciam com as dos caras que estavam jogando
ontem com ele. Achei que ia morrer, mas graças à Deus, eles não entraram no
quarto.
Depois daquela noite, não consegui olhar
direito na cara dele, estava muito envergonhado.
- Mikado? - Perguntou ele, entrando no
quarto.
Eu, que estava sentado na cama, virei a
cara e respondi:
- Diga.
- Eu estou indo jogar com uns amigos, pode
tomar banho se quiser...
- Está bem. - Respondi, ainda
envergonhado.
- Me desculpe por essa noite.
- Tudo bem... - Respondi com um sorriso
falso no rosto. - Pode ir lá jogar.
- Ok, estou indo.
Não falei mais nada, ele saiu e fui tomar
um banho. Assim que terminei, coloquei a roupa que estava antes - cueca box
vermelha, calça jeans preta, blusa cinza com alguns detalhes e tênis all star
de couro marrom - e sai do apartamento, indo direto pela minha casa.
Nada de interessante aconteceu no caminho.
Era sempre o mesmo. Crianças correndo pelas praças, pássaros cantando, carros
passando pela rua e outras coisas normais. Chegando no meu apartamento, vi
alguém sentado ao lado da porta. No início, não o reconheci - ele estava usando
uma calça jeans azul escura, uma blusa preta de manga comprida, com um casaco
azul marinho e um gorro cobrindo quase até os olhos.
- Com licença. - Disse a esse alguém.
Ele olhou para mim e gritou:
- MIKADOOOOOO! - E pulou em mim. Sim!
Pulou em mim!
- Shinonome?! - Perguntei, confuso.
- Mikado! Quanto tempo. - Continuo ele, se
afastando um pouco de mim.
- Você não quer entrar? Está mó frio aqui
fora.
- Claro.
Entramos, tiramos os sapatos, deixando-os
na entrada e fomos até a sala. Lá tinha um sofá marrom, uma TV não muito
grande, um tapete bege e logo ao lado já se juntava com a sala de jantar, que
tinha uma mesa quadrada de madeira e quatro cadeiras.
Nos sentamos no sofá e começamos a
conversar:
- Como estava em Nova Iorque? - Perguntei.
- Quente. - Respondeu.
Ri.
- E as aulas eram boas? Me conta sobre o
intercâmbio. Faz tempo que não nos vemos, quero saber tudo o que aconteceu com
você.
- Eram ótimas, os professores eram bons.
Era maravilhoso. Só não tinha você lá.
Fiquei vermelho.
- Enfim, - continuou - lá tinham uns
tatuadores legais, então eu fiz um piercing na orelha. - E Shinonome me mostrou
o piercing.
- Ficou bem legal.
- Aah, Mikadoooo! - Disse ele se espreguiçando
e logo me abraçando novamente.
- Tá, já entendi, você está com saudades.
- Disse a ele, abraçando-o de volta.
- Ei, Mikado.
- O que foi?
- Eu to com sono.
- Dorme, ué.
- Dorme comigo?
- P-Por que?!
- Porque tá frio, e seu corpo tá
quentinho.
- Está bem. - Conclui.
Fomos até meu quarto. Não é tão grande, só
tem uma cama de solteiro (só cabe uma pessoa. Isso mesmo! Uma pessoa!) e uma cômoda.
Puxei a coberta, nos deitamos abraçados
e nos cobrimos.
Shinonome é um amigo que conheço desde a
terceira série, ele tem a mesma idade que eu e já tentamos namorar, não deu
certo então continuamos amigos, bem, melhores amigos. Ele tem o cabelo loiro
tingido e usa lentes cor de mel, porque ele não gosta do castanho escuro dos
seus olhos.
Estava bem confortável. Acho que o melhor
jeito de dormir com alguém é abraçado.
Deve ter passado mais ou menos uma hora
desde que nos deitamos. Ele é realmente muito fofo. Eu não dormi nada, porém
ele...
Ouvi o telefone da minha casa tocar, me
afastei um pouco de Shinonome e corri para atendê-lo.
- Alô? - Perguntei.
- Você esqueceu o seu telefone aqui.
- Teito! Ah, mais tarde vou buscá-lo.
- Está bem, estarei te esperando.
- Ok, vou eu e um amigo.
- Ah... - Disse ele, desapontado. - Então
até mais.
- Até. - Disse.
Desliguei o telefone e voltei para a cama.
- Quem era? - Perguntou Shinonome.
- Uma amigo no qual dormiu comigo. -
Respondi. - Desculpe, não te contei sobre ele.
Shinonome me jogou na cama e sentou em
cima de mim.
- Tá apaixonado?
- Acredito que sim, mas não acho que ele
esteja por mim...
- Por que ele não estaria? Ele transou com
você e, além do mais, você é muito bonito.
- Eu?
- Sim...
- Hm... - Disse. - Vem cá. - Puxei ele,
nos cobrimos e voltamos a dormir.
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